sábado, 2 de outubro de 2010

EU PRECISAVA DE UMA BENÇÃO





Brandon J. Miller
Estávamos no período chuvoso nas Filipinas e chovera o dia inteiro.
As tempestades sempre traziam criaturas
indesejáveis para dentro de nossa casa: aranhas, ratos e outros
animais.
Ao voltarmos para casa após um dia de proselitismo, eu e meu 
companheiro vimos a luz acesa na casa de nossos vizinhos e
resolvemos  visitálos. Antes, decidimos apanhar algumas fotografias 
de nossa família para mostrar para eles.
Guardávamos os retratos numa cômoda que ficava entre as duas
camas. Quando estendi o braço para pegar meu álbum, senti uma dor
súbita na mão direita. Ao abaixar os olhos, vi que acabara de ser picado
por uma cobra.
Gritei para meu companheiro, o élder Regis, que veio correndo ver o
que acontecera. Mostrei-lhe minha mão sangrando e disse que levara 
uma picada de cobra. Com o alvoroço, um vizinho veio até nossa casa e 
ajudou-nos a procurar a serpente. Achamo-la quando ela estava saindo 
debaixo da cama em direção a uma tábua que o élder Regis estava 
segurando.
O vizinho exclamou: “É uma naja filipina!”
O élder Regis matou a cobra.
Percebi que eu estava ficando tonto, assim corri para a casa do bispo
Rotor, que tinha certa experiência em tratar mordidas de cobras. Às
pressas, começou a fazer o que estava a seu alcance para ajudar-me.
Comecei a sentir um peso no peito, e a respiração tornou-se difícil.
Parecia haver uma nuvem negra pairando sobre minha mente, e
comecei a ficar inconsciente. Foi então que ouvi uma voz dizer: “Se
você quiser terminar sua missão na Terra, precisará de uma
bênção”. Ainda fiquei consciente o tempo suficiente para dizer: “Podem dar-me
uma bênção?”
O bispo respondeu: “Claro, deixe-me só terminar isto antes”. Foi difícil
continuar alerta, mas ouvi a voz, persistente: “Você precisa de uma
bênção agora. Não pode esperar”.Dessa vez, pedi com resolução
“Dêem-me uma bênção”.
Não recordo as palavras da bênção que meu companheiro e o
bispo Rotor me deram. Mas depositei toda a minha confiança no Senhor e
Seu sacerdócio. Durante a oração, comecei a recobrar os sentidos e
vomitei repetidas vezes. Quando ouvi as palavras finais da bênção, o
vômito cessou. Já estava consciente, e uma cálida sensação de alívio e
amor percorreu-me o corpo. Eu sabia que o Pai Celestial me amava e que
eu me restabeleceria.
Meu líder de zona, o élder Howarth, levou para a casa do bispo
um médico que estava pesquisando a Igreja. A essa altura, já se haviam
passado duas horas. Dirigimo-nos a um hospital situado a uma hora
de distância de nossa área de proselitismo.
A caminho do hospital, o médico
pediu que eu relatasse o que acontecera.
O élder Howarth perguntou:
“Doutor, será que não devemos ir mais rápido?” A resposta dele foi: “Por
quê? Ele já deveria estar morto. Ele é um homem de sorte”. A naja filipina é
o ofídio mais venenoso do país.
Se as pessoas dizem que Deus já não é um Deus de milagres é porque
não compreendem esse evangelho nem o amor Dele por nós, Seus filhos.
Sei que minha vida foi poupada e não apresento nenhuma seqüela devido
ao poder da palavra de Deus: “E, pelo poder de sua palavra fizeram com que
prisões ruíssem por terra”, escreveu Morôni, “sim, nem mesmo a fornalha
ardente lhes pôde fazer mal, nem animais selvagens nem serpentes
venenosas, por causa do poder de sua palavra”. (Mórmon 8:24)
Brandon J. Miller é membro da Ala Iona
II, Estaca Iona

A Liahona Sep 2001 

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