sábado, 1 de janeiro de 2011

GARANTIAS DE UM LAR FELIZ





O discurso foi originalmente impresso em A Liahona de outubro de 2001
“A felicidade é o objetivo e o propósito de nossa existência; e também será o fim, caso sigamos o caminho que nos leva até ela; e esse rumo é a virtude, retidão, fidelidade, santidade e obediência a todos os mandamentos de Deus.”
Essa meta universal foi assim descrita pelo Profeta Joseph Smith Era relevante na época; é relevante hoje. Estando o rumo tão claramente traçado, porque então há tantas pessoas infelizes? Freqüentemente os cenhos franzidos superam os sorrisos, e o desespero abafa a alegria. Vivemos tão aquém de nosso potencial divino. Alguns deixam-se confundir pelo materialismo, enredam pelo pecado, perdendo-se entre a multidão humana que passa. Outros clamam como o convertido por Filipe em outros tempos: “Como poderei [encontrar o caminho] se alguém me não ensinar?”A felicidade não consiste em regalar-se no luxo, que é o conceito mundano de “boa vida”. Tampouco devemos procurá-la em locais distantes de nomes estranhos. A felicidade encontra-se no lar.
Todos nós nos lembramos do lar de nossa infância. É interessante notar que nossos pensamentos não se prendem ao fato de ter sido grande ou pequeno, situado numa vizinhança refinada ou decadente. Antes, deleitamo-nos nas experiências vividas em família. O lar é o laboratório de nossa vida, e o que nele aprendemos determina em grande parte como viveremos depois.
A sra. Margaret Thatcher, ex-primeira ministra da Inglaterra, externou esta profunda filosofia: “A família é a célula mestra da sociedade. É um berçário, escola, hospital, centro de lazer, um lugar para refúgio e um lugar de descanso. Ela engloba o todo da sociedade. Ela modela nossas convicções; é a preparação para o resto de nossa vida”.3 “Lar é onde está o coração.” Na realidade, é preciso “muita experiência de vida para fazer de uma casa um lar”.4
“Lar, lar, doce, doce lar, ainda que seja humilde, não há lugar como o lar.”5 Despertando do enlevo dessas recordações prazerosas, vemos lares em que os pais estão ausentes, os familiares adultos, a infância perdida. Vagarosamente somos forçados a encarar a verdade inapelável: Nós somos responsáveis pelo lar que formamos. Precisamos fazê-lo com sabedoria, pois a eternidade não é uma jornada breve. Haverá calmaria e ventos, sol radiante e nuvens, alegria e pesar. Mas se realmente nos esforçarmos, nosso lar pode tornar-se um pedacinho do céu na Terra. Os pensamentos que colocamos na mente, as coisas que fazemos, a vida que levamos não só influenciam o sucesso de nossa jornada terrena, mas traçam o caminho para nossas metas eternas. Em 1995, a Primeira Presidência e oConselho dos Doze Apóstolos promulgaram uma proclamação ao mundo a respeito da família. Essa proclamação declara, entre outras coisas: “A felicidade na vida familiar é mais provável de ser alcançada quando fundamentada nos ensinamentos do Senhor Jesus Cristo. O casamento e a família bem-sucedidos são estabelecidos e mantidos sob os princípios da fé, da oração, do arrependimento, do respeito, do amor, da compaixão, do trabalho e de atividades recreativas salutares”.6
O lar feliz pode ter a mais variada aparência. Alguns apresentam uma família numerosa com pai, mãe, irmãos e irmãs vivendo juntos com amor. Outros consistem de apenas pai ou mãe com um ou dois filhos, enquanto que outros, ainda, contam com um único ocupante. Entretanto, existem características marcantes num lar feliz, seja qual for o número ou tipo de seus componentes. Chamo essas características de “Garantias de um Lar Feliz”. São elas:
1. Um padrão de oração.
2. Uma biblioteca de aprendizagem.
3. Um legado de amor.
4. Um tesouro de testemunho.
UM PADRÃO DE ORAÇÃO
“A oração é o desejo sincero da alma, seja ele proferido ou não expresso.”7 É tão universal a sua aplicação, tão benéfico o seu resultado, que a oração é a garantia primordial de um lar feliz. Ouvindo a oração de uma criança, os pais também se achegam mais a Deus. Esses pequeninos, que ainda tão recentemente estiveram com o Pai Celeste, não têm nenhuma inibição em expressar a Ele os seus sentimentos, seus desejos, sua gratidão.
A oração familiar é o melhor inibidor do pecado e, portanto, o mais benéfico provedor de alegria e felicidade. O velho ditado continua válido: “A família que ora unida permanece unida”.
Nosso profeta, o Presidente Gordon B. Hinckley, declarou: “Verdadeiramente feliz é o menino ou a menina, inclusive os que já são adolescentes, em cujo lar seja costume orar em família pelas manhãs e à noite”.8
Observemos juntos como uma típica família de santos dos últimos dias faz uma oração a Deus. O pai, a mãe e todos os filhos se ajoelham, abaixam a cabeça e fecham os olhos. Uma agradável atmosfera de amor, união e paz enche a casa. Quando um homem ouve seu filhinho orar pedindo que seu pai faça as coisas certas, acham que seria difícil para esse pai honrar a oração de seu querido filho? Quando uma adolescente ouve a querida mãe suplicar para que a filha seja inspirada na escolha de suas amizades e que se prepare para um casamento no templo, não acham que essa filha procurará honrar aquela humilde e fervorosa prece de sua mãe, a quem ela ama tão profundamente?Se o pai, a mãe e todos os filhos oram sinceramente para que os bons filhos da família vivam dignamente a fim de que, no devido tempo, recebam um chamado para servir como embaixadores do Senhor nos campos missionários da Igreja, não começamos a ver esses filhos chegando ao início da vida adulta com imenso desejo de servir como missionários?
Ao oferecermos nossas orações familiares e pessoais, façamo-lo com fé e confiança Nele. Se algum de nós tem sido vagaroso em dar ouvidos ao conselho de orar sempre, não há melhor hora para começar do que agora mesmo. Aqueles que sentem que a oração pode denotar fraqueza física devem lembrar-se de que nenhum homem está mais alto do que quando está ajoelhado para orar.
Estou casado com minha esposa Frances há 53 anos. Nosso casamento foi realizado no . OTemplo de Salt Lake City o  celebrante, Benjamin Bowring, aconselhou-nos: “Posso oferecer aos recém-casados uma fórmula para que qualquer desavença que venham a ter não dure mais que um dia? Todas as noites, ajoelhem-se juntos ao pé da cama. Numa noite, irmão Monson, você profere a oração, em voz alta, ajoelhado. Na noite seguinte, você, irmã Monson, profere a oração, em voz alta, ajoelhada. Posso garantir-lhes que qualquer mal-entendido que acontecer durante o dia se desvanecerá enquanto orarem. Simplesmente não conseguirão orar juntos sem que retenham apenas os melhores sentimentos de um para com o outro”.
Quando fui chamado para o Conselho dos Doze Apóstolos, há 38 anos, o Presidente David O. McKay, o nono Presidente da Igreja, perguntou-me a respeito de minha família. Contei-lhe então essa diretriz referente à oração e testifiquei de sua validade. Recostando-se em sua ampla poltrona de couro, respondeu sorrindo: “A mesma fórmula que funcionou para você tem abençoado a vida de minha família durante todos os anos de nosso casamento”.
A oração é o passaporte para o poder espiritual.
UMA BIBLIOTECA DE APRENDIZAGEM
A segunda garantia de um lar feliz se descobre quando ele se torna uma biblioteca de aprendizagem. Quer estejamos nos preparando para formar nossa própria família ou simplesmente ponderando sobre como tornar o céu mais próximo de nosso lar atual, podemos aprender com o Senhor. Ele é o mestre arquiteto. Ele ensinou-nos como precisamos edificar.
Quando Jesus caminhou pelos poeirentos caminhos das vilas e cidades do lugar que hoje reverentemente chamamos de Terra Santa e ensinou Seus discípulos às margens do belo mar da Galiléia, Ele freqüentemente falava por meio de parábolas, uma linguagem que as pessoas compreendiam melhor. Freqüentemente Ele se referia à edificação de um lar em relação à vida daqueles que O ouviam.
Ele declarou: “Toda a cidade (. . .) dividida contra si mesma não subsistirá”.9 Mais tarde Ele advertiu: “Eis que minha casa é uma casa de ordem (. . .) e não uma casa de confusão”.10
Em uma revelação dada por intermédio do Profeta Joseph Smith em Kirtland, Ohio, em 27 de dezembro de 1832, o Mestre aconselhou: “Organizai-vos; preparai todas as coisas necessárias e estabelecei uma casa, sim, uma casa de oração, uma casa de jejum, uma casa de fé, uma casa de aprendizado, uma casa de glória, uma casa de ordem, uma casa de Deus”.11
Onde poderíamos encontrar uma planta mais adequada com a qual poderíamos construir de modo sábio e adequado? Essa casa deve atender às especificações de construção descritas em Mateus, sim, uma casa construída “sobre a rocha” 12, uma casa capaz de suportar as chuvas da adversidade, as inundações da oposição, os ventos da dúvida que estão sempre presentes em nosso mundo desafiador.
Alguns poderiam perguntar: “Mas essa revelação foi dada para orientar a construção de um templo. Será que é relevante hoje?”
Eu respondo: “O Apóstolo Paulo declarou: ‘Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?’”13
Que o Senhor seja nosso guia para a família, sim, o lar, que edificamos.
Bons livros serão uma parte essencial de nossa biblioteca de aprendizagem.
Os livros podem proporcionar-nos um tesouro de sabedoria;
Os livros são a porta para um mundo de prazer;
Os livros podem ajudar-nos a progredir e a melhorar;
Os livros são nossos amigos. Vinde, leiamos.14
A leitura é um dos genuínos prazeres da vida. Em nossa era de cultura massificada, quando tanta coisa que encontramos é resumida, adaptada, adulterada, fragmentada e reduzida à expressão mais simples, é mentalmente relaxante e inspirador sentar-nos a sós com um bom livro.
As crianças pequenas também podem desfrutar do prazer de ouvir os pais lerem um livro para elas.
O Senhor aconselhou: “Nos melhores livros buscai palavras de sabedoria; procurai conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé”.15
As obras padrão da Igreja são uma biblioteca de aprendizagem para nós e nossos filhos. Há vários anos, levamos nossos netos a uma visita às instalações tipográficas da Igreja. Ali, vimos a edição missionária do Livro de Mórmon saindo da linha de produção, impressa, encadernada e pronta para ser lida. Eu disse a meus netos: “O funcionário diz que vocês podem pegar um exemplar do Livro de Mórmon para ser só seu. Vocês escolhem o Livro de Mórmon, e ele será seu”.
Cada um deles apanhou um exemplar e expressou seu amor pelo Livro de Mórmon.
Na verdade, não me recordo dos outros acontecimentos daquele dia, mas nenhum dos que estavam presentes se esquecerá a expressão sincera do fundo do coração daquelas crianças.
Lembremo-nos, como pais, que nossa vida poderá ser o livro da biblioteca familiar que nossos filhos mais apreciam.Nossos exemplos são dignos de serem seguidos? Será que vivemos de maneira tal que um filho ou filha possa dizer: “Quero ser como meu pai” ou “Quero ser como minha mãe”? Nossa vida não pode ser ocultada como o conteúdo de um livro da estante protegido pela capa. Nós, pais, somos na verdade um livro aberto.
UM LEGADO DE AMOR
A terceira garantia de um lar feliz é o legado de amor. Quando garotinho, eu adorava visitar a casa de minha avó na Avenida Bueno, em Salt Lake City. Minha avó se mostrava sempre muito alegre de nos ver e dava-nos um abraço apertado. Sentado em seu colo, ficávamos ouvindo enquanto ela lia para nós.
Seu filho mais novo, meu tio Ray, e sua esposa moraram naquela mesma casa depois que minha avó faleceu. Em uma visita a meu tio Ray, no ano passado, pouco antes de ele falecer, notei que o hidrante no meio-fio pareceu-me muito pequeno em comparação ao tamanho que tinha quando eu o escalava naqueles tempos tão distantes. A varanda acolhedora continua a mesma, tranqüila e pacífica como sempre. Na parede da cozinha havia um quadro bordado por minha tia. Seus dizeres continuam um mundo de aplicação prática: “Escolhe teu amor; ama tua escolha”. Muito freqüentemente isso exige compromisso, perdão e talvez um pedido de desculpa. Precisamos estar sempre empenhados em fazer de nosso casamento um sucesso.
Aparentemente pequenas mostras de amor são observadas pelos filhos, ao absorverem silenciosamente o exemplo dos pais. Meu próprio pai, um tipógrafo, trabalhou dura e arduamente quase todos os dias de sua vida. Estou certo de que no Dia do Senhor, ele teria gostado de simplesmente ficar em casa. Mesmo assim, visitava os membros idosos da família, procurando dar um pouco de alegria à vida deles.
Um deles era seu tio, tão severamente atingido pela artrite que não conseguia andar nem cuidar de si. Em certas tardes de domingo, meu pai me dizia: “Venha, Tommy, vamos dar um passeio com o tio Elias”. Num velho Oldsmobile 1928, íamos até a rua Eighth West, onde, chegando à casa do tio Elias, eu ficava aguardando no carro, enquanto meu pai entrava. Pouco depois, ele voltava carregando seu tio entrevado nos braços, como se fosse uma frágil peça de porcelana. Eu então abria a porta do carro e ficava observando com que delicadeza e carinho ele acomodava o tio Elias no banco da frente, para que tivesse uma visão melhor, enquanto eu ia para o banco de trás.
O passeio era curto, e a conversa limitada, mas, oh, que grande legado de amor! Meu pai nunca leu para mim a parábola do bom samaritano na Bíblia. Em vez disso, levava-me com ele e com o tio Elias, no velho Oldsmobile, para um passeio pela estrada para Jericó.
Se nosso lar transmitir um legado de amor, não teremos de ouvir a reprimenda de Jacó registrada no Livro de Mórmon: “Haveis quebrantado o coração de vossas ternas esposas e perdido a confiança de vossos filhos, por causa de vossos maus exemplos diante deles; e os soluços do coração deles sobem a Deus contra vós”.16
Que nosso lar transmita um legado de amor.
UM TESOURO DE TESTEMUNHO
A quarta garantia de um lar feliz é o tesouro do testemunho. “A primeira e maior oportunidade de ensino na Igreja encontra-se no lar”17, observou o Presidente David O. McKay. “O verdadeiro lar mórmon é aquele em que, se chegasse a nele entrar, Cristo gostaria de demorar-Se e descansar”.18
O que estamos fazendo para assegurar que nosso lar se enquadre nessa descrição? Não basta que só os pais tenham forte testemunho. Os filhos só podem amparar-se por pouco tempo na convicção deles.
O amor ao Salvador, a reverência pelo Seu nome, e um genuíno respeito mútuo proverão um solo fértil para que o testemunho germine e cresça.
Aprender o evangelho, prestar testemunho, dirigir uma família são raramente ou nunca processos simples. A jornada da vida tem por característica os solavancos na estrada, o mar agitado, que fazem parte da turbulência de nossos tempos.
Há alguns anos, durante uma visita aos membros e missionários da Austrália, presenciei um sublime exemplo de como um tesouro de testemunho pode abençoar e santificar um lar. O presidente da missão, Horace D. Ensign, e eu estávamos fazendo a longa viagem de Sidney para Darwin, onde eu deveria dar início à construção de nossa primeira capela naquela cidade. No caminho, havia uma escala prevista numa cidade de mineração chamada Mount Isa. Quando entramos no pequeno aeroporto, fomos abordados por uma senhora acompanhada de duas crianças. Ela disse: “Sou Judith Louden, membro da Igreja, e esses são meus filhos. Imaginamos que poderiam estar nesse vôo, por isso viemos para poder conversar com os irmãos durante sua breve escala”. Explicou-nos que o marido não era membro da Igreja, e que ela e as crianças eram, na verdade, os únicos membros em toda aquela área. Compartilhamos lições e prestamos testemunho.
O tempo corria. Ao nos prepararmos para embarcar, a irmã Louden parecia tão perdida, tão só. “Não podem partir ainda. Tenho sentido tanta falta da Igreja”. Subitamente, o alto-falante anunciou mais trinta minutos de demora até a decolagem, devido a problemas mecânicos. A irmã Louden sussurrou: “Minha oração acaba de ser atendida”. Ela, então, perguntou-nos como poderia fazer com que o marido se interessasse pelo evangelho. Aconselhamos que o incluísse na aula da Primária do Lar semanal, e se mostrasse um testemunho vivo do evangelho. Prometi que lhe mandaria uma assinatura da revista para crianças Children’s Friend e auxílios adicionais para o ensino no lar. Aconselhamo-la a nunca desistir quanto ao marido.
Partimos de Mount Isa, cidade à qual nunca mais voltei. Sempre me lembrarei com carinho daquela dedicada mãe e seus queridos filhos despedindo-se com olhos marejados e um carinhoso aceno de gratidão e adeus.
Vários anos depois, falando numa reunião de liderança do sacerdócio em Brisbane, Austrália, ressaltei a importância do estudo e vivência do evangelho no lar, e de sermos exemplos da verdade. Compartilhei com os irmãos ali paresentes a história da irmã Louden e o impacto de sua fé e determinação em mim. Concluindo, comentei: “Penso que jamais saberei se o marido da irmã Louden chegou a filiar-se à Igreja, mas ele não poderia ter encontrado um modelo melhor para seguir”.
Um dos líderes ergueu o braço, depois se pôs de pé e declarou: “Irmão Monson, sou Richard Louden. A irmã de quem falou é minha mulher. As crianças [sua voz embargou-se] são nossos filhos. Somos agora uma família eterna, graças em parte à persistência e paciência de minha querida esposa. Ela fez tudo”. Não houve uma só palavra. O silêncio era interrompido apenas por fungadelas e soluços abafados, e marcado pela visão de lágrimas correndo de todos os olhos.
Meus irmãos e irmãs, tomemos a decisão, sejam quais forem nossas condições, de fazer de nossa casa um lar feliz. Abramos as janelas de nosso coração, para que todo membro da família se considere bem-vindo e “em casa”.
Abramos igualmente as portas de nossa própria alma, para que o amado Cristo possa entrar. Lembrem-se desta promessa: “Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa”.19
Quão bem-vindos havemos de nos sentir, quão alegre será nossa vida quando Jesus for saudado pelas “Garantias de um Lar Feliz”:
Um padrão de oração,
Uma biblioteca de aprendizagem,
Um legado de amor
Um tesouro de testemunho.
Que nosso querido Pai Celestial nos abençoe na busca de um lar assim feliz e uma família eterna.

GRATIDÃO


Se se lamenta da fadiga,
sê grato pois que ainda tem o trabalho;

Se reclama da falta de dinheiro ou da matéria,
sê grato pois o que te falta hoje, para muitos nunca existiu;

Se se lamenta por ter falhado ou fracassado,
sê grato pois que teve a oportunidade de tentar;

Se reclama do sol ou da chuva, do vento ou do frio,
sê grato pois que a natureza está à sua volta;

Se está aborrecido ou triste com um amigo ou familiar,
sê grato pois que ainda os tem em sua vida;

Se se sente só e desamparado,
sê grato pois que ainda tem a sí próprio;

Se se lamenta da enfermidade ou da doença que te aflige,
sê grato pela vida que ainda há em tí;

Se seus pés doem porque sangram ao pisar sobre os espinhos do caminho,
sê grato pois que ainda pode caminhar;

Se se aflige com a morte inevitável do corpo,
sê grato pela vida eterna que te aguarda;

Se pensa que todas as suas preces têm sido em vão,
sê grato pois que ainda sabe orar;

Mas se de tudo ainda pensar que vida é dura e ingrata demais para tí,
e as lágrimas lhe vierem aos olhos, ainda assim e mais do nunca,
sê grato a Deus pois que seu coração ainda pode sentir. 

Autor:Renato Veneroso 


"Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome." Salmos 100:4

CONTRA AS DEFICIÊNCIAS MORAIS- BENJAMIN FRANKLIN

Benjamin Franklin era um homem que fazia de tudo. Ele foi impressor, cientista, político, economista, financista, escritor, comerciante e inventor. Sua lista de méritos inclui o primeiro hospital, a agência de correio, a companhia de seguros contra incêndio, a biblioteca; como também, a criação dos óculos bifocais, a cadeira de balanço, o poste de iluminação pública, o cartão postal, tendo ainda fundado o jornal Saturday Evening Post e a Universidade da Pensilvânia. Ele se aposentou, milionário, aos quarenta anos de idade, e quando morreu, era o homem mais rico dos Estados Unidos. Franklin realizou tudo isso e muito mais em sua ativa vida. Mas isso não lhe foi suficiente.

Ele quis ser perfeito. Foi um sermão de domingo que provocou em Franklin o desejo de lidar com o que Ihe pareceu uma falta de virtude em sua vida. A despeito de suas realizações , dificilmente se sentia satisfeito consigo mesmo e lutou constantemente com as deficiências morais. Envergonhado com sua vida pessoal, decidiu atacar diretamente cada uma de suas deficiências e transformá-las em tesouras morais.  


"Concebi então o audacioso projeto de alcançar a perfeição moral ,escreveu ele . "Desejei viver sem cometer nenhuma falta em momento algum; eu ia conquistar tudo a que pudesse me conduzir a inclinação natural, os costumes ou a diligência."  

Como muitos de nós, Franklin sabia, ou pensava que sabia, o que era certo e errado. Não via qualquer razão por que não pudesse evitar o que era errado e fazer o que era certo. Parecia tão simples em teoria.

"Mas logo descobri que havia subestimado uma tarefa de dificuldades muito maiores do que podia imaginar. Enquanto cuidava de me guardar contra uma falta, era sempre pego de surpresa por uma outra; o hábito ganhava com a vantagem da desatenção; as inclinações eram às vezes mais fortes que a razão".  Tornou-se claro que só o desejo não era suficiente. 


Assim, Franklin mudou de tática. Fez uma lista do que ele considerava as 12 virtudes mais importantes. Mais tarde, por sugestão de um amigo, Franklin acrescentou a "humildade" à sua lista. As virtudes valorizadas por Franklin são hoje tão significativas quanto a 200 anos:

1.Temperança:
não coma até a congestão; não beba até a embriaguez;

2.Silêncio: fale apenas o que puder ser benéfico para si mesmo e para os outros;

3.Ordem:
deixe tudo o que é seu ocupar seu devido lugar;

4.Resolução: resolva-se a fazer o que deve ser feito; faça diligentemente o que resolveu;

5.Frugalidade: faça despesas apenas para fazer o bem a si mesmo e aos outros, isto é, não desperdice nada;

6.Laboriosidade:
não perca tempo; esteja sempre ocupado com algo útil; elimine toda ação desnecessária;

7.Sinceridade:
não faça uso de artifícios danosos; pense de modo inocente e justo. Se você falar, fale de igual modo;

8.Justiça: não prejudique ninguém por injúrias, ou pela omissão dos benefícios que fazem parte do seu dever;

9.Moderação: evite extremos. Não guarde ressentimentos;

10.Higiene: não tolere qualquer falta de higiene quanto ao corpo, às roupas ou à habitação;

11.Tranqüilidade: não se perturbe com trivialidades, incidentes comuns ou o inevitável;

12.Castidade:
evite excessos sexuais. Não prejudique sua paz e reputação, bem como a dos outros;

13.Humildade: imite a Jesus e Sócrates.

Toda noite Franklin passava em revista sua lista e colocava uma marca preta para cada falta que tivesse cometido durante o dia .Quando também isto mostrou-se ineficiente, ele decidiu aderir firmemente a uma virtude a cada semana, fazendo apenas o melhor possível com as outras doze.

Ele comparava o processo à capinagem de um jardim, dizendo que um bom jardineiro não tenta remover todas as ervas daninhas de uma só vez- o que esgotaria seu tempo e suas energias-, mas, sim, trabalhava numa faixa de cada vez. 


Auto-aperfeiçoamento

Franklin continuou com seu plano de auto-análise e aperfeiçoamento por vários anos, com poucas interrupções. Ele ficou surpreso com os resultados.

"Fiquei surpreso por descobrir que eu tinha mais deficiências do que imaginava; mas tive a satisfação de vê-las decrescendo." 


Mais tarde ele escreveu: " Nunca cheguei à perfeição; na verdade, bem longe disso. No entanto, tornei-me um homem melhor e mais feliz que havia sido antes." Só alguns artifícios como esses podem assegurar, progresso seguro rumo à virtude.

O comprometimento com o aperfeiçoamento foi a chave de uma  vida melhor para Benjamin Franklin e a mesma coisa é válida para nós nos dias atuais. Tornar-se uma pessoa melhor é um processo de toda uma vida". 
Um ponto de partida é adotar os conceitos de Franklin:
1_RECONHEÇA O DESEJO: aprenda a ver seus potenciais.

2_IDENTIFIQUE AS METAS: decida o que você deseja aperfeiçoar.

3_TRABALHE DIARIAMENTE: pratique a auto-observação.

4_ENTRE EM CONTATO CONSIGO MESMO: avalie-se, medite.

5_APRENDA COM OS ERROS: mude o estilo de vida quando necessário.

Como disse Franklin certa vez: “Esteja em guerra com suas deficiências morais, em paz com seus semelhantes, e que cada ano o encontre uma pessoa melhor.” Este ainda é um bom conselho.

_

[Texto de John Schoroeder].
” O homem que não sabe expressar seus pensamentos está no mesmo nível daquele que não sabe pensar.”(BENJAMIN FRANKLIN)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

DIA DE FAXINA




Estava precisando fazer uma faxina em mim...
e fiz : abrindo o armário.
Assim como jogar alguns pensamentos indesejados fora,
lavar algumas essências que andam meio que enferrujadas,
pois já não brilhavam.
Tirei do fundo das gavetas
lembranças que não uso e não quero mais.
Joguei fora alguns sonhos, algumas ilusões.
Papéis de presente que nunca usei,
sorrisos que nunca darei,
joguei fora a raiva e o rancor
das flores murchas que estavam
dentro de um livro que não li.
Olhei para meus sorrisos futuros
e minhas alegrias pretendidas,
e as coloquei num cantinho,
bem arrumadinhas.
Fiquei sem paciência,
tirei tudo de dentro do armário
e fui jogando no chão:
paixões escondidas, desejos reprimidos,
palavras horríveis que nunca queria ter dito,
mágoas de um amigo,
lembranças de um dia triste,
mas, havia lá outras coisas e belas!!!
Um passarinho cantando na minha janela...
aquela lua cor de prata que vi um dia vi na praia,
o por do sol nas montanhas...
Fui me encantando e me distraindo;
olhando para cada uma daquelas lembranças.
Sentei no chão,
para poder fazer minhas escolhas.
Joguei direto no saco de lixo
os restos de um amor que me magoou.
Peguei as palavras de raiva e de dor
que estavam na prateleira de cima,
pois, quase não as uso e
também joguei fora no mesmo instante!
Outras coisas que ainda me magoam,
coloquei num canto
para depois ver o que faria com elas.

Se as esquecia lá mesmo
ou se mandava para o lixão.
Aí, fui naquele cantinho,
bem naquela gaveta
que a gente guarda tudo o que é mais importante:
o amor, a alegria, os sorrisos,
um dedinho de fé
para os momentos que mais precisamos,
e sabe o que descobri ?
Que tinha um jóia lá, toda embrulhadinha,
tão rara e preciosa,
talvez o maior bem que possua.
Eu não a usava há muito tempo.
Nem sabia que a tinha mais,
tinha me esquecido.
Mas, ela estava lá
e quando eu a olhei,
ela brilhou para mim,
como sempre o fizera.
Peguei-a entre os dedos e fiquei apreciando.
Assim, entre embevecida e encantada.
Cuidei dela com muito carinho,
despejei meu amor por entre suas frestas
e não deixei de usá-la mais.
Agora mesmo eu a estou usando
para falar com você.
Pode saber o que é?
Sim, amigo, é minha arte de escrever.
De brincar com o teclado
e com o jogo de letras
que se fazem visíveis no meu pensamento
mesmo antes de os dedos tocarem o teclado,
mas, que às vezes,
parece que são mais rápidos que do que ele
e posso me divertir mais assim.
E com uma simples frase,
escrever uma história inteira.
Em dia de faxina,
sempre fica tudo uma bagunça incrível,
desorganizamos tudo,
para colocar em ordem depois.
Mas, o melhor é desorganizar a ordem,
porque fica tudo certinho.
Bem, desse jeito ...mais fácil para mim.
Recolhi com carinho o amor encontrado,
dobrei direitinho os desejos,
coloquei perfume na esperança,
passei um paninho na prateleira das minhas metas.
Deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.
Coloquei nas prateleiras de baixo
algumas lembranças da infância.
Na gaveta de cima, as da minha juventude e
pendurado bem à minha frente,
coloquei o meu amor
pois, eu o uso a todo instante,
mantenho-o sob meu olhar de paixão incontida,
banho-o todos os dias com ternura,
dou-lhe atenção de menina,
durmo com ele,
bem juntinho ao meu lado
e encho-o de beijinhos melados
E ele? Bem,... ele retribui.

(Rosy Beltrão)

CAMINHOS DA VIDA



Quando cortas uma flor para ti,
começas a perdê-la...
Porque murchará em tuas mãos e não se fará semente para outras primaveras.

Quando aprisionas um passarinho para ti,
começas a perdê-lo...
Porque não mais cantará no bosque para ti e nem criará outros passarinhos em seu ninho.

Quando não arriscas tua liberdade para tê-la,
começas a perdê-la...
Porque a liberdade que tens se comprova
quando te atiras optando e decidindo.

Quando não deixas partir o teu filho para a vida,
começas a perdê-lo...
Porque nunca o verás voltar para ti livre e maduro.

Lembre-se sempre: Não existe preço
para a Liberdade, mas uma belíssima
recompensa para quem a utiliza com
desprendimento de alma ...

Ter para sempre, junto a si a Fidelidade daqueles que livres dos grilhões, se comprazem em serem seus eternos admiradores!
Quem Ama ... Liberta com a certeza
da volta espontânea ao aconchego!

Aprende no caminho da vida
A paradoxal lição da experiência:
Sempre ganhas o que deixas
E perdes o que reténs...
(Desconheço o Autor)

A PARTIR DE PRÓXIMO AMANHECER




Hoje “me dei um tempo” para pensar na vida.
Na minha vida!!!
Decidi então que a partir do próximo amanhecer,
vou mudar alguns detalhes para ser a cada
novo dia, um pouquinho mais feliz.

Para começar, não vou mais olhar para trás.
O que passou é passado, se errei, agora não vou conseguir corrigir.
Então, para que remoer o que passou?
Refletir sobre aqueles erros sim
e então fazer deles um aprendizado
para o “meu hoje”...

Nem todas as pessoas que amo, retribuem
meus carinhos como “eu” gostaria... E daí?
A partir do próximo amanhecer vou continuar a amá-las, mas não vou tentar mudá-las.
Pode ser até que ficassem como eu gostaria que fossem e deixassem de ser as pessoas que eu amo.

Isso eu não quero.
Mudo eu...Mudo meu modo de vê-las.
Respeito seu modo de ser.
Mas não pense que vou desistir de meus sonhos!!!
Imagine!!!
A partir do próximo amanhecer, vou lutar com mais garra para que eles aconteçam.
Mas vai ser diferente.

Não vou mais responsabilizar
a mais ninguém por minha felicidade.
EU VOU SER FELIZ!!!
Não vou mais parar a minha vida porque
o que desejo não acontece, porque uma
mensagem não chega, porque não ouço
o que gostaria de ouvir.
Vou fazer meu momento...
Vou ser feliz agora...
Terei outros dias pela frente!!!
Nunca mais darei muita importância aos problemas que não tenho conseguido resolver.

A partir do próximo amanhecer, vou agradecer a Deus, todos os dias por me dar forças para viver,
apesar dos meus problemas.
Chega de sofrer pelo que não consigo ter,
pelo que não ouço ou não leio.
Pelo tempo que não tenho e até de sofrer por antecipação, pensando sempre, apenas no pior.

A partir do próximo amanhecer, só vou
pensar no que tenho de bom.
Meus amigos, nunca mais precisarão me dar
um ombro para chorar. Vou aproveitar a presença
deles para sorrir, cantar, para dividir felicidade.
A partir do próximo amanhecer vou ser eu mesmo. Nunca mais vou tentar ser um modelo de perfeição.


Nunca mais vou sorrir sem vontade
ou falar palavras amorosas por que
acho que sei o que os outros querem ouvir.

A partir do próximo amanhecer vou viver
minha vida, SEM MEDO DE SER FELIZ.
Vou continuar esperando.
Não, não vou esquecer ninguém.
Mas...
A partir do próximo amanhecer, quando a
gente se encontrar, com certeza, vou te dar
“aquele” abraço bem apertado, e com toda
sinceridade dizer...
ADORO VOCÊ e tenho muito amor para lhe dar.

(Desconheço o Autor)

SENTIMENTOS



Quanto tempo dura uma alegria para você?
Se for uma comemoração bacana, algo muito esperado, quanto tempo você comemora?
Se for uma disputa, um campeonato e você for o campeão, quanto tempo dura a emoção do triunfo?
E se for um amor, o primeiro beijo depois de muita batalha?
Quanto tempo seus lábios ficam sentindo esse gostinho, e quanto tempo seu coração fica disparado?

Preste atenção nas emoções da alegria; por maior que seja a explosão de felicidade, deixamos escapar os bons momentos pelos vãos dos dedos, parece que nossa alma anseia sempre por algo mais, o amor de ontem vira rotina nos próximos dias, o campeonato tão disputado já virou troféu na galeria, e daquele dia tão lindo, só restam algumas fotos, meio amareladas pelo tempo, pelo desuso.

Já a dor, o sentimento de perda, esse não esquecemos facilmente.
Perceba, quanto tempo choramos pelos entes queridos?
Quanto tempo perdido ao lamentar o amor que se foi?
Muitos não recuperam depois de perder um campeonato, outros não conseguem esquecer uma traição, outros não conseguem perdoar qualquer contradição, e arrastam por longos anos o sentimento da dor, cultivando uma doença na alma, um câncer que não se cura,
uma ferida que não seca.

Assim, neste dia que também vamos esquecer rapidamente, guarde a lição do Universo que lentamente constrói, desde filetes de água que um dia serão oceanos, até pequenos grãos de areia que se ajuntam com o vento, e um dia serão montanhas que iremos escalar. Seja grato com a vida que te traz oportunidades, saiba agradecer o pão que teu suor conquista, não lamente o que se perdeu, chore apenas pelo que não consegues buscar, porque todas as coisas te são possíveis, neste dia em que a alegria passa ligeiro e a tristeza quer fazer morada, no coração de quem não aprendeu que a vida é a jóia mais preciosa, que Deus entregou na mão de um ser especial, a quem Ele carinhosamente chama de filho: você.

Cuide bem do seu tesouro, a vida é dom de Deus!

(Paulo Roberto Gaefke)

O CORAÇÃO TEM RAZÕES..




Você se lembra daquela tocante história do livro "O Pequeno Príncipe"?

Existe uma história mais tocante ainda que aconteceu de fato com o criador do Pequeno Príncipe, o escritor francês Antoine de St.Exupéry.

Poucas pessoas sabem que ele lutou na Guerra Civil Espanhola, quando foi capturado pelo inimigo e levado ao cárcere para ser executado no dia seguinte. Nervoso, ele procurou em sua bolsa um cigarro, e achou um, mas suas mãos estavam tremendo tanto que ele não podia nem mesmo levá-lo à boca. Procurou fósforos, mas não tinha, porque os soldados haviam tirado todos os fósforos de sua bolsa. Ele olhou então para o carcereiro e disse:
"Por favor, usted tiene fosforo?".
O carcereiro olhou para ele e chegou perto para acender seu cigarro. Naquela fração de segundo, seus olhos se encontraram, e St. Exupéry sorriu.
Depois ele disse que não sabia por que sorriu, mas pode ser que quando se chega perto de outro ser humano seja difícil não sorrir.

Naquele instante, uma chama pulou no espaço entre o coração dos dois homens e gerou um sorriso no rosto do carcereiro também. Ele acendeu o cigarro de St. Exupéry e ficou perto, olhando diretamente em seus olhos, e continuou sorrindo. St. Exupéry também continuou sorrindo para ele, vendo-o agora como pessoa, e não como carcereiro.

Parece que o carcereiro também começou a olhar St. Exupéry como pessoa, porque lhe perguntou:
"Você tem filhos?".
"Sim", St. Exupéry respondeu, e tirou da bolsa fotos de seus filhos. O carcereiro mostrou fotos de seus filhos também, e contou todos os seus planos e esperanças para o futuro deles. Os olhos de St. Exupéry se encheram de lágrimas quando disse que não tinha mais planos, porque ele jamais os veria de novo. Os olhos do carcereiro se encheram de lágrimas também. E de repente, sem nenhuma palavra, ele abriu a cela e guiou St. Exupéry para fora do cárcere, através das sinuosas ruas, para fora da cidade, e o libertou. Sem nenhuma palavra, o carcereiro deu meia-volta e retornou por onde veio.


St. Exupéry disse: "Minha vida foi salva por um sorriso do coração".

O que foi aquela "chama" que pulou entre o coração desses dois homens? Isso tem sido tema de intensa pesquisa atualmente, na medida em que os cientistas estão se dando conta de que o coração não é meramente uma bomba mecânica, mas um sofisticado sistema para receber e processar informações.
De fato, o coração envia mais mensagens ao cérebro que o cérebro envia ao coração!

Como disse o filósofo francês Blaise Pascal:
"O coração tem razões que a própria razão desconhece".

Estados emocionais negativos, como raiva ou frustração, geram ondas eletromagnéticas totalmente caóticas do coração, como se estivéssemos pisando no acelerador e no breque simultaneamente. Esse estado de batimentos desordenados é chamado de "incoerência cardíaca" e está ligado a doença cardíaca, envelhecimento precoce, câncer e morte prematura.

Em estados de amor ou gratidão, nosso batimento cardíaco torna-se "coerente". Isso diminui a secreção dos hormônios do estresse, reduz a depressão, hipertensão e insônia, melhora o sistema imune e aumenta a clareza mental. Essa é uma das razões pelas quais tem sido provado que as emoções positivas estão associadas à boa saúde física e mental - e à longevidade.
Essa irradiação coerente do coração - essa "chama" de genuína afeição - pode afetar pessoas a uma distância de até 5 metros!
Logo, na próxima vez em que você estiver numa situação difícil, respire profundamente, lembre-se de St. Exupéry e do Pequeno Príncipe e irradie a energia de seu coração. Como o Pequeno Príncipe nos lembrou, "somente com o coração podemos ver com clareza".

Autor: Susan Andrews

TEMPO MÁGICO




Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos a limpo". Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos". Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena .(Rubem Alves)