sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CUNHAS OCULTAS




Whitman escreveu: “A tempestade
de neve [daquele inverno]
não tinha sido muito forte. É
verdade que alguns fios de eletricidade
haviam sido derrubados e
que houve um súbito aumento no
número de acidentes ao longo
da rodovia. (. . .) Normalmente,
a grande nogueira teria facilmente
conseguido suportar o peso que
se acumulou em seus longos
galhos. Foi a cunha de ferro
escondida dentro dela que causou o
estrago.
A história da cunha de ferro
começou muito tempo antes,
quando o fazendeiro de cabelos
brancos [que hoje mora na propriedade
em que a nogueira se erguia]
era um menino na fazenda de seu
pai. A serraria tinha acabado de
mudar-se do vale, e os novos moradores
ainda encontravam ferramentas
e peças de equipamento
espalhadas por toda parte. (. . .)
Naquele dia, em particular, foi
uma cunha de madeireiro —
grande, plana e pesada, com 30 cm
ou mais de comprimento, entortada
pelo uso [— que o menino encontrou]
(. . .) no pasto. [A cunha de
madeireiro é utilizada para derrubar
uma árvore, inserindo-se a cunha
num talho e golpeando-a com uma
marreta para alargar a fenda.] (. . .)
Como já estava atrasado para o jantar,
o rapaz colocou a cunha (. . .)
entre os galhos da jovem nogueira
que seu pai havia plantado perto do
portão principal. Ele pretendia levar
a cunha para o galpão logo depois
do jantar, ou em outra ocasião em
que estivesse passando por ali.
Ele realmente pretendia fazê-lo,
mas nunca o fez. [A cunha] estava
ali entre os galhos, um pouco espremida,
quando ele chegou à idade
adulta. Estava ali, firmemente presa,
quando se casou e assumiu a
fazenda do pai. Estava parcialmente
encoberta no dia em que o pessoal
da colheita jantou sob a árvore.
(. . .) Totalmente oculta na árvore, a
cunha ainda estava lá no inverno
em que caiu aquela tempestade de
neve.
No silêncio gelado daquela noite
de inverno (. . .) um dos três galhos
maiores se partiu e caiu ruidosamente
ao chão. O restante da
árvore ficou com uma distribuição
desequilibrada de peso e também se
partiu e acabou tombando. Quando
a tempestade passou, não restara
sequer um broto da árvore outrora
majestosa.
Bem cedo pela manhã, o fazendeiro
saiu de casa para lamentar sua
perda. (. . .)
Então seus olhos avistaram algo
no tronco desabado. ‘A cunha’, murmurou
ele, reprovadoramente. ‘A
cunha que eu encontrei no pasto’.
Num instante ele percebeu por que
a árvore tinha caído. Presa no
tronco que crescia, a cunha impediu
que as fibras dos galhos se entrelaçassem
como deviam”.......
 Condenar o outro faz
com que as feridas permaneçam
abertas. Somente o perdão cura.
George Herbert, um poeta do início
do século XVII, escreveu: “Aquele
que não perdoa destrói a ponte que
ele próprio precisará atravessar se
desejar atingir o céu, porque todos
precisamos de perdão”.
Belas são as palavras do Salvador
quando estava prestes a morrer na
impiedosa cruz. Ele disse: “Pai, perdoa-
lhes, porque não sabem o que
fazem....
Como Alexander Pope escreveu:
“Errar é humano, perdoar é divino”.4
Às vezes nos ofendemos com
muita facilidade. Em outras ocasiões
somos por demais obstinados para
aceitar um sincero pedido de desculpa.
Vamos vencer nosso ego,
orgulho e mágoa e depois dar um
passo à frente e dizer: “Eu realmente
sinto muito! Vamos ser o que já
fomos um dia: amigos. Não passemos
para as gerações futuras as
desavenças e raivas de nossa época”.
Removamos todas as cunhas ocultas
que só servem para destruir-nos.
Trechos do Discurso do
Pres, Thomas S, Monson
 A Liahona Julho 2009

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